sexta-feira, 9 de março de 2012

O corpo engana o cérebro


Em 1974, os professores de psicologia Donald Dutton e Arthur Aron conduziram um estudo inusitado nas duas pontes sobre o rio Capilano, na Colúmbia Britânica. A primeira era uma ponte suspensa, de 60 metros de altura, destinada ao uso de pedestres sobre as pedras do rio, ao passo que a outra era muito mais baixa e sólida.

Homens jovens que atravessavam cada uma dessas pontes eram interpelados por uma entrevistadora que declarava estar fazendo uma pesquisa de mercado. A mulher pedia ao homem para responder um questionário simples e oferecia o número do próprio telefone caso ele quisesse saber mais sobre a pesquisa. Como os cientistas previram, a oferta do número de telefone não foi só aceita por um número significativamente maior de homens na ponte alta, em comparação com os da ponte baixa, como também uma proporção muito maior desse grupo telefonou posteriormente para a pesquisadora.
A explicação é que neste caso o corpo enganou o cérebro. Quando vemos alguém atraente nosso coração bate mais rápido. O que Dutton e Aron queriam saber era se ao aumentar a frequência do batimento cardíaco acharíamos alguém mais atraente. Na ponte mais alta o coração bate mais rápido, devido a altura, e por causa disto os entrevistados se sentiram mais atraídos pela entrevistadora, o que explicaria o maior número de ligações .
Somos previsíveis
John Trinkaus é professor da Zicklin School of Business em Nova York, e estuda como pessoas comuns cuidam dos assuntos do dia a dia.
Ele pediu a centenas de alunos que pensassem em um número ímpar entre 10 e 50 e descobriu que a maioria escolheu 37. Quando solicitados a escolher um número par entre 50 e 100, a maioria escolheu 68.
O professor então levou esse aspecto da pesquisa para o mundo real, perguntando a centenas de pessoas que possuíam pastas com fechadura de segredo qual a combinação que utilizavam. Ele descobriu que quase 75 por cento dos proprietários não havia trocado a senha original: as pastas podiam ser abertas com os números 0-0-0.
(Em seu livro O Senhor está brincando, Sr. Feynman?), o físico Richard Feynman descreve como fez uso desse mesmo tipo de previsibilidade para ter acesso a documentos ultrassecretos quando trabalhava no desenvolvimento da bomba atômica em uma base do exército dos EUA, em Los Alamos.

 Fonte: Frederico Porto

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